Blog editado por Antonio Navarro

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quinta-feira, 19 de maio de 2011

Maiakovski, poeta da revolução

Não sou a pessoa mais indicada pra comentar poesias, por falta de sensibilidade neste campo.
Talvez por isso, o fato de me encantar com alguma  seja boa prova de seu valor.
Cumprindo um dos propósitos deste blog, que é difundir a cultura socialista, vamos apresentar alguns poemas do camarada Vladimir Maiakovski, poeta russo contemporâneo da Revolução de Outubro e da construção da União Soviética, primeiro estado socialista da história.
O objetivo aqui é despertar o interesse pela obra do autor, e demonstrar o potencial explosivo que há nas letras engajadas. Militante orgânico do partido bolchevique,  Maiakovksi ousou inovar na estética, já que "sem forma revolucionária, não há arte revolucionária".
Também segundo o comunista:
"A arte não é um espelho para refletir o mundo, mas um martelo para forjá-lo."

Seguem fragmentos da obra deste gênio soviético:

.
" Brilhar para sempre,
  brilhar como um farol,
  brilhar com brilho eterno,
  gente é para brilhar,
  que tudo mais vá para o inferno,
  este é o meu slogan
  e o do sol. "

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" Deus, que será de ti quando eu morrer?
  Eu sou teu cântaro (e se me romper?)
  A tua água (e se me corromper?)
  Sou teu agasalho, teu afazer.
  Vai comigo o significado teu."


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" O século 30 vencerá!
  Ressucita-me
  para que ninguém mais tenha que sacrificar-se por uma casa,
  um buraco.
  Ressucita-me
  para que o Pai seja ao menos o Universo
  e a Mãe, no mínimo a Terra."


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" O coração tem domicílio no peito.
  Comigo a anatomia ficou louca.
  Sou todo coração."


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     COMUMENTE É ASSIM

Cada um ao nascer
traz sua dose de amor,
mas os empregos,
o dinheiro,
tudo isso,
nos resseca o solo do coração.
Sobre o coração levamos o corpo,
sobre o corpo a camisa,
mas isto é pouco.
Alguém
imbecilmente
inventou os punhos
e sobre os peitos
fez correr o amido de engomar. Quando velhos se arrependem.
A mulher se pinta.
O homem faz ginástica
pelo sistema Muller.
Mas é tarde.
A pele enche-se de rugas.
O amor floresce,
floresce,
e depois desfolha.


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O POETA OPERÁRIO

Grita-se ao poeta:
"Queria te ver numa fábrica!
O que? Versos? Pura bobagem".
Talvez ninguém como nós
ponha tanto coração
no trabalho.
Eu sou uma fábrica.
E se chaminés
me faltam
talvez seja preciso
ainda mais coragem.
Sei.
Frases vazias não agradam.
Quando serrais madeira
é para fazer lenha.
E nós que somos
senão entalhadores a esculpir
a tora da cabeça humana?
Certamente que a pesca é coisa respeitável.
Atira-se a rede e quem sabe?
Pega-se um esturjão!
Mas o trabalho do poeta
é muito mais difícil.
Pescamos gente viva e não peixes.
Penoso é trabalhar nos altos-fornos
onde se tempera o ferro em brasa.
Mas pode alguém
acusar-nos de ociosos?
Nós polimos as almas
com a lixa do verso.
Quem vale mais:
o poeta ou o técnico
que produz comodidades?
Ambos!
Os corações também são motores.
A alma é poderosa força motriz.
Somos iguais.
Camaradas dentro da massa operária.
Proletários do corpo e do espírito.
Somente unidos,
somente juntos remoçaremos o mundo,
fá-lo-emos marchar num ritmo célere.
Diante da vaga de palavras
levantemos um dique!
Mãos à obra!
O trabalho é vivo e novo!
Com os oradores vazios, fora!
Moinho com eles!
Com a água de seus discursos
que façam mover-se a mó!




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